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Um "Pequeno Príncipe", uma Grande Reflexão!

Há dias eu quero escrever sobre esse livro, uma das minhas primeiras experiências literárias, mas estava esperando um momento apropriado, pois queria fazer uma releitura do mesmo, a fim de tentar compreender melhor as entrelinhas desse texto tão inocente, mas ao mesmo tempo de uma riqueza tão profunda...

Fonte da imagem: https://www.saraiva.com.br/o-pequeno-principe-brochura-8874489.html

"O Pequeno Príncipe" é um clássico conhecido e aclamado em diversas partes do mundo, um livro que já foi traduzido para quase 250 idiomas, escrito há mais de 70 anos,e mesmo assim permanece sendo algo muito atual, mas qual a fórmula para esse grande sucesso?

Antoine de Saint-Exupéry trazia em suas obras elementos relacionados à guerra e aviação, no entanto, foi com esse livro que ele conquistou sua imortalidade literária, pois, sem dúvidas essa é uma daquelas obras que ultrapassam os limites do tempo, e agora, sem mais enrolação, iremos adentrar no mundo magnífico do Pequeno Príncipe:



O autor é também um personagem que após enfrentar um problema com seu avião, acaba parando no deserto, a fim de consertá-lo para seguir viagem, no entanto, graças a esse contratempo ele acaba conhecendo um jovenzinho loiro e frágil, um pouco curioso, e com uma ternura e inocência que mal sabia ele de todos os ensinamentos que ele o traria...

Na primeira noite de um período que o narrador-personagem sabe que será longo, o garotinho lhe pede para que ele desenhe um carneirinho, porém esse sem entender nada, afirma não saber fazer tal desenho, e lhe mostra um desenho de uma jiboia com um elefante no seu interior, desenhado na sua infância e incompreendido por todos que puderam ver aquele desenho. Mas para a surpresa do piloto, o príncipe logo soube do que se tratava, diferente dos adultos que não possuem tempo nem imaginação para uma boa interpretação, porém não era esse o desenho que ele queria...

 Foi então que o aviador fez o desenho do carneiro e a partir desse desenho se inicia um diálogo que dura por vários dias, enquanto o narrador tenta incansavelmente consertar seu avião, nessa conversa o pequeno príncipe passa a contar um pouco de sua história, como por exemplo, de onde ele vem e como acabou caindo no planeta Terra.

Dentre as histórias que o jovenzinho conta, temos a possibilidade de conhecer, mediante uma linguagem metafórica e simbolista, personagens que trazem reflexões acerca dos vícios, tolerância, amizade, justiça, manias e principalmente, o amor...

Os cuidados que o jovem príncipe demonstrou ter pelo seu pequeno planeta, bem como a preocupação e o vínculo de amizade criada com uma rosa, a qual ele tinha aprendido a ter grande apreço, traz uma mensagem muito bela, ele compreende que apesar de frágil, a rosa tem espinhos que servem para sua proteção, e mesmo que algum inimigo venha ao seu encontro, ela terá que ser forte para sobreviver, e assim somos nós.

Na sua jornada, o príncipe vai encontrando personagens com características diferentes, alguns são muito preocupados com seu trabalho, outros só se preocupam com si próprio, mas há também um rei, que apesar da sua necessidade de ordenar, possui conhecimentos que a autoridade deve estar ao lado da razão. A passagem a seguir é uma das minhas favoritas:


"É preciso exigir de cada um aquilo que cada um pode dar..."
Mostrando assim que o rei era uma pessoa sensata.

Além desses, ainda encantado com o planeta terra, após conhecer as rosas e uma cobra, o pequeno príncipe também conhece uma raposa, e nessa conversa podemos refletir sobre a forma como a raposa pede para que o príncipe a cative, para que assim sejam amigos e tornem-se especiais um para o outro, pois essa é a única forma de nos tornarmos diferentes dos demais que nos rodeiam, é através dos vínculos e do tempo que passamos nos dedicando a alguém que passamos a ver o verdadeiro valor que cada um pode dar, e a dor que sua ausência irá causar quando já não puderam estar por perto.





"Nós somos responsáveis por aquilo que cativamos..."

Outro ponto importante a ser mencionado é com relação a amizade que vai se firmando entre o narrador e o príncipe, através de tantas histórias, ele se vê completamente envolvido, e começa a perceber o quanto sentirá falta daquele homenzinho que vivia num asteroide, tornando os momentos finais do livro muito comoventes.


Um livro aparentemente infantil com uma mensagem que deve ser lida por todos os adultos que ainda queiram resgatar a criança que sempre estará dentro de nós. Não existe um livro mais apropriado para se trabalhar em conjunto com adultos e crianças, abordando valores que para muitos são apagados com o peso dos anos, questões tão importantes como o próprio amor que vai florescendo a medida que nos abrimos as possibilidades, mas que ao mesmo tempo torna-se irrelevante quando passamos muito tempo da nossa vida dedicados a coisas superficiais, ocupados demais para nos darmos conta de que a vida é rápida e quando menos esperamos já não poderemos aproveitar aqueles belos momentos que estavam bem diante de nós.

Com uma leitura simples, e elementos fantásticos que fascinam as crianças, "O pequeno príncipe" pode e deve ser lido por qualquer faixa etária, e o melhor de tudo é que deixará uma lição que ficará guardada para sempre na mente daqueles que se atrevem a ler...

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